quinta-feira, 25 de março de 2010

domingo, 3 de Fevereiro de 2008

A frustação impede-me de ser um pescador feliz.

Ao longo dos últimos anos tentei refazer um gosto que me tinha sido deixado por familiares que num antigamente em que bastava deitar uma linha comprada na drogaria e meia dúzia de anzóis cabeça de cavalo também comprados avulso me incutiram esse vicio pela natureza e pela sua generosidade. Lembro-me como se fosse hoje; lancei uma cana feita de bambu e um carreto de plástico a imitar o velho sagarra, uma vez após outra, entre elas o fio ficou vezes sem conta todo encaracolado pois mal conseguía chegar à altura do muro da praia do clube naval(Barreiro) devido à minha tenra idade, mas a natureza era fértil e a sorte sorria aos inocentes e pouco a pouco juntei cerca de trinta enguias que mais tarde mostrei todo orgulhoso em casa .

Passados alguns anos, era nas valas do Ribatejo com colegas de trabalho, pois para mim ele começou aos dezasseis : carpas, bogas e barbos vinham parar ao cesto, mas já com uma cana de fibra de vidro comprada com o suor do meu rosto.
Como o destino da juventude era “servir a nação”, mais tarde foi nas praias de Lobito que continuei a deitar a linha à água com resultados espectaculares que não tinham nada a ver com sabedoria, mas sim com o esplendor da Natureza e com toda a sua força.

Depois a paragem; outros valores se levantaram, a família estava como sempre no meu horizonte e resolvi assim que pude começar a trabalhar para isso: casamento e filhos que se seguirão quase de imediato. A pesca parou durante muitos anos e a fotografia surgiu como hobby : Os filhos eram o tema assim como os primeiros passeios após ter adquirido a minha primeira viatura com o suor do meu rosto.

Mas o bichinho não morre dentro de nós e tentei iniciar dentro das possibilidades, pouca disponibilidade financeira e não só, mas de vez em quando lá ia deitando a linha à água conforme podia. Material um pouco melhor, já um Sofi fazia parte do meu saco.Capturas poucas e sem significado pois não percebia nada de mar e quando ia à pesca apanhava sempre mau tempo ou mar impossível, mas o contacto com o mar fazia com que todos os meus sentidos fossem estimulados e libertava-me do stress do dia a dia.

Alguns anos depois, comecei a ter mais disponibilidades e pensei em começar a levar um pouco mais à sério este vício salutar. Mais uma vez algo lutava contra este meu desejo de perceber, de entender as coisas do mar, dos ventos, da lua e tantos outros factores: a saúde pregava-me a partida e os 50% de possibilidade de sobrevivência, obrigaram-me a lutar com todas as minhas forças até hoje, 6 anos depois esperando o dia em que me deem a notícia que tanto desejo. Mesmo durante estes anos de desespero e de luta, como forma de libertar a minha cabeça, acompanhado sempre pela minha inseparável companheira de todos os momentos, rumei ao Algarve várias vezes para desfrutar a calma das suas praias de Inverno e sempre que podia deitava a linha à água. Claro que os locais foram sempre os mais acessíveis(e ainda continuam a ser por várias razões):o molhe de V.R.Stº. António e praia de Monte Gordo; claro que as capturas não tiveram significado, mas o contacto com a natureza e o cheiro do mar ajudaram a libertar-me muitas vezes.

Agora por razões que a razão desconhece os meus spots ficaram reduzidos e a frustração invade-me.

01/02/2008

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